A série The Last of Us, da HBO, foi amplamente elogiada por sua produção, atuações e fidelidade geral ao jogo. Ainda assim, as diferenças entre The Last of Us e o jogo original despertaram debates acalorados entre os fãs. Quem jogou o game sente na pele cada mudança — e muitos enxergam nelas mais do que simples adaptações: veem riscos, perdas e até traições ao material original.

Neste post, listamos 7 diferenças importantes entre a série e o jogo — e mostramos por que elas estão no centro da controvérsia.


7. A motivação da Abby é revelada cedo demais

Abby encara Joel com firmeza e tristeza antes de matá-lo, em cena da 2ª temporada de The Last of Us que revela suas motivações.

No game original, o jogador conhece Abby sem saber suas intenções. A revelação do que a move só ocorre depois de muitas horas. Esse tempo permite um ciclo emocional completo — da raiva à empatia.

A série, no entanto, antecipa esse momento. A motivação da personagem aparece já nos primeiros episódios, humanizando-a de forma precoce.

Essa escolha dividiu o público. Para alguns, suavizou o impacto emocional. Para outros, especialmente os que conheciam o arco do jogo, isso arruinou o efeito de desconstrução da personagem.


6. Joel vai ao psicólogo

Joel conversa com a psicóloga em uma cena controversa da 2ª temporada de The Last of Us que dividiu opiniões dos fãs.

Em vez de um personagem fechado, o Joel da série se mostra vulnerável desde o início da segunda temporada. Ele busca ajuda profissional para lidar com seus traumas.

Por outro lado, nos jogos, esse tipo de exposição emocional é quase inexistente. Quando aparece, vem embutido em ações ou silêncios. Joel resolve tudo na bala, não no divã.

A cena gerou reações extremas. Parte do público viu nela uma humanização necessária. Outros sentiram que foi uma descaracterização, que a série suavizou Joel para caber num novo molde dramático.


5. A ausência de “Future Days” e seu impacto emocional

Um dos momentos mais tocantes ocorre quando Joel canta Future Days, do Pearl Jam, para Ellie. A cena estabelece um laço afetivo profundo entre os dois e se torna um tema recorrente.

Na série, esse momento foi excluído. O surto acontece em 2003 — dez anos antes do lançamento da música, em 2013 — o que tornaria a cena incoerente com a linha do tempo estabelecida. Além disso, questões de direitos autorais podem ter influenciado a decisão.

Logo, essa ausência remove um elemento simbólico importante da relação entre Joel e Ellie. Para muitos fãs, essa omissão reduz o impacto de momentos que dependem da música como elo emocional.


4. A morte de Joel perdeu impacto

Ellie chora caída no chão após testemunhar a morte de Joel na 2ª temporada de The Last of Us.

No jogo, a cena da morte de Joel é crua, brutal e difícil de assistir. O suspense se prolonga, e a violência é explícita.

No entanto, na série, o momento é mais contido. A brutalidade visual deu lugar a uma abordagem mais rápida e seca.

Como resultado, isso não passou despercebido. Muitos fãs alegam que a escolha reduziu o peso dramático da cena — talvez por censura ou por uma linguagem televisiva diferente. Ainda assim, o impacto emocional foi afetado.


3. Mudanças de aparência e etnia

Montagem com quatro personagens de The Last of Us cujas etnias e características foram alteradas na adaptação da HBO.

A série alterou visivelmente a aparência de personagens como Sarah, Tommy, Maria — e até mesmo de Ellie. Dessa forma, vemos mudanças em etnia, traços físicos e postura.

Essas escolhas causaram desconforto em parte do público — especialmente entre os que esperavam uma representação visual mais próxima dos modelos digitais do jogo.

Embora não afetem a narrativa diretamente, essas alterações levantam uma questão sensível: até que ponto a aparência define a identidade de um personagem?


2. Estrutura e foco narrativo foram ajustados

Cena da série The Last of Us mostrando Bill e Frank no jardim, sorrindo um para o outro. Frank veste camiseta azul e Bill usa uma cinza com marcas de suor, em frente a uma casa verde com parede de madeira.

A série mantém a ordem geral dos eventos principais do jogo, especialmente na primeira temporada. Contudo, usa flashbacks com mais frequência e reestrutura cenas para destacar personagens com papéis menores no game.

O exemplo mais marcante é o episódio dedicado a Bill e Frank. Ele transforma uma sugestão indireta do jogo em uma narrativa completa, emotiva e independente.

Esses ajustes não alteram o rumo da história, mas mudam o foco e o ritmo da experiência. Para alguns, enriquecem o universo. Para outros, diluem a tensão contínua da jornada de Joel e Ellie.


1. Menos ação, mais contemplação

Ellie está em frente a um túmulo, com expressão abatida, durante o pôr do sol em uma cena da 2ª temporada de The Last of Us que representa seu luto por Joel.

Quem esperava sequências intensas com infectados acabou surpreendido pelo foco introspectivo da série. Afinal, os criadores optaram por simplesmente omitir ou suavizar muitas cenas de ação.

Dessa forma, a adaptação opta por um ritmo mais lento e dramático. Isso, segundo alguns, aprofunda a história. Mas, para outros, descaracteriza a proposta de sobrevivência brutal que define o jogo.

Aqui, a crítica não mira a qualidade da série, mas sim a expectativa sobre o que The Last of Us representa enquanto obra.


Conclusão

As diferenças entre The Last of Us e o jogo dividiram opiniões porque tocam diretamente na memória emocional dos jogadores. Para alguns, são adaptações naturais e até bem-vindas. Para outros, comprometem a essência da narrativa original.

Enfim, a grande pergunta permanece: até que ponto uma adaptação pode mudar sem perder sua alma?

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Se quiser se aprofundar ainda mais no universo da série, confira também:
Complexidade dos personagens de The Last of Us: 5 pontos-chave
Um mergulho nas escolhas, dilemas e camadas que tornam Joel, Ellie, Abby e outros tão marcantes.

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