O prédio da Lumon é real — e tem uma história surpreendente

O prédio da Lumon em Ruptura, é mais do que um cenário marcante. 
Na vida real, ele foi vendido por 27 milhões de dólares e carrega uma história que espelha os próprios temas da série.

Chamado de Bell Works, o edifício foi, originalmente, a sede da Bell Labs.
Atualmente, funciona como um espaço moderno e vibrante. No entanto, por alguns dias, esse ambiente cheio de vida se transformou na fria e impessoal sede da Lumon Industries — uma conversão simbólica que diz muito sobre a lógica de controle que a série explora.

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De Bell Labs a Bell Works: o nascimento do prédio

Muito antes de estrear como sede da Lumon, o prédio que hoje conhecemos como Bell Works nasceu com um propósito bem diferente.

Na década de 1950, a gigante das telecomunicações Bell Labs decidiu criar um centro de pesquisa que reunisse seus maiores talentos.
Para isso, contratou Eero Saarinen, um dos nomes mais importantes da arquitetura moderna — responsável por obras como o TWA Flight Center e o Gateway Arch.

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O resultado foi um edifício com traços marcantes do brutalismo: concreto aparente, ângulos retos e proporções monumentais, que impactam à primeira vista.

Apesar da aparência austera, o prédio foi projetado para incentivar a inovação e a colaboração.
Cientistas, engenheiros e técnicos dividiam os corredores — e também a vida fora do trabalho.
Aliás, o campus chegou a oferecer feira de agricultores, creche e um sentimento comunitário raro para um espaço corporativo.

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Bell Labs nos primeiros anos: um centro de pesquisa projetado para impulsionar a inovação e a vida em comunidade.


Um colosso silencioso à espera de renascimento

Durante décadas, o prédio abrigou pesquisas e invenções que moldaram a era da comunicação.
Com o tempo, no entanto, o avanço tecnológico e a transformação do setor esvaziaram o espaço.

Quando a Alcatel-Lucent decidiu colocá-lo à venda, o prédio já estava praticamente desocupado — um colosso silencioso cercado por memórias.

Nesse contexto, Ralph Zucker, presidente da Inspired by Somerset Development, enxergou potencial onde quase todos viam abandono.
A partir daí, começou a segunda vida do edifício — com um novo nome, um novo propósito e, por fim, um papel inesperado: o coração frio da Lumon em Ruptura.

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Ralph Zucker, presidente da Inspired by Somerset Development

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Com o prédio praticamente desocupado, restava apenas a arquitetura monumental e as lembranças de um passado inovador.

O renascimento: como o prédio foi comprado e restaurado

Quando Ralph Zucker entrou no antigo prédio da Bell Labs, encontrou um ambiente vazio e silencioso. Nada lembrava o centro de inovação que o local já abrigou. Ainda assim, ele enxergou ali uma oportunidade rara: transformar um espaço abandonado em uma nova centralidade urbana.

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A proposta parecia ousada. Em vez de demolir ou substituir o prédio, Zucker decidiu adaptá-lo. Seu plano era preservar a arquitetura brutalista, mas ao mesmo tempo, mudar completamente sua função. Foi a partir dessa ideia que nasceu o conceito de metroburb: uma cidade em miniatura dentro de um único edifício.


Bell Works: de ruínas à reconstrução

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A compra do prédio foi apenas o começo. Para que o projeto avançasse, Zucker precisou negociar com autoridades locais, órgãos de regulamentação e diversos stakeholders. No total, o plano exigiu cinco anos de esforço até que a transformação realmente começasse.

A reforma também seguiu em etapas bem definidas. Primeiramente, as equipes limparam e revitalizaram os andares principais. Em seguida, adaptaram os espaços para receber empresas, eventos e áreas de convivência. Com o tempo, surgiram salas comerciais, cafés, biblioteca, espaços infantis e áreas culturais. Assim, o Bell Works passou a oferecer uma experiência completa, com o objetivo de criar uma comunidade viva e dinâmica dentro do edifício.

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Bell Labs em um evento com a comunidade à noite.


Uma nova proposta de convivência

Mais do que um centro empresarial, o Bell Works passou a funcionar como um polo criativo e colaborativo. A ideia por trás do projeto era simples, porém poderosa: criar um lugar onde as pessoas pudessem trabalhar, se encontrar, aprender e relaxar — tudo sob o mesmo teto.

Por outro lado, essa proposta contrasta diretamente com a versão apresentada na série Ruptura. Na ficção, o prédio representa isolamento, vigilância e distanciamento humano. Já no mundo real, o mesmo edifício se transformou em símbolo de reinvenção coletiva — e, talvez, em uma metáfora perfeita para o que a série tanto critica.

O prédio da Lumon em Ruptura

Foi durante o processo de renovação do Bell Works que a equipe de produção de Ruptura descobriu o local. O que chamou a atenção não foi apenas a estética brutalista do prédio, mas o contraste entre suas linhas frias e o propósito humano que ele começava a recuperar.

Segundo o próprio Ralph Zucker, a visita da equipe da série foi marcante. Ao ver os corredores do Bell Works sendo transformados na sede da Lumon, ele sentiu um misto de fascínio e estranhamento:

“Foi como se o prédio tivesse sido revertido ao que era antes: um espaço sem vida, sem humanidade. Eu precisei lembrar que aquilo era só para as filmagens.”

Durante as gravações, os espaços internos ganharam tons mais neutros, luzes artificiais e divisórias impessoais, reforçando o sentimento de claustrofobia que define a rotina dos funcionários da Lumon. Ainda assim, algo se manteve — a escala monumental e a imponência arquitetônica do prédio original, que se encaixam perfeitamente no universo da série.


Uma escolha simbólica

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Jeremy Hindle, designer de produção de Ruptura, comenta os paralelos entre o Bell Works e a Lumon.

A decisão de filmar em um local real, com um histórico ligado à ciência e à inovação, adiciona camadas de significado à narrativa da série. O prédio locado para Lumon em Ruptura já foi um polo de colaboração, depois um lugar esquecido, e agora assume na ficção o papel de uma empresa que manipula memórias e apaga identidades.

Jeremy Hindle, designer de produção de Ruptura, comentou essa ironia:

“O Bell Works é como a Lumon… só que tomou o caminho certo.”

A observação de Hindle sobre os paralelos entre Bell Works e Lumon abre espaço para refletirmos sobre o papel da arquitetura na narrativa.
Em Ruptura, os espaços físicos não são apenas cenários — eles atuam como extensões visuais da própria divisão psicológica dos personagens.
Corredores repetitivos, a ausência de janelas e a escala monumental contribuem para uma sensação constante de fragmentação, apagamento e vigilância.

Um contraste entre ficção e realidade

Na série Ruptura, o prédio da Lumon é um espaço hermético, dominado por corredores sem janelas, luz artificial e regras rígidas. Tudo ali comunica controle, vigilância e isolamento emocional. Por outro lado, na vida real, o mesmo prédio transmite uma mensagem completamente oposta.

Atualmente, o Bell Works é um centro pulsante de atividades humanas. Há cafés com mesas ao ar livre, eventos de arte e design, espaços de coworking e áreas infantis. Pessoas conversam nos corredores, frequentam a biblioteca e participam de feiras culturais — tudo isso dentro do mesmo espaço que, por um breve momento, serviu de cenário para o experimento corporativo mais distópico da televisão recente.


O mesmo espaço, dois mundos

O que torna esse contraste tão poderoso é o fato de que nada precisou ser recriado digitalmente. A série se apropriou de um espaço real, com uma arquitetura enigmática e monumental, e reconfigurou seu uso para contar uma história sobre fragmentação da identidade.

Ainda assim, como bem disse Ralph Zucker, não é preciso “severar o cérebro de alguém” para trazê-lo de volta ao escritório. Para ele, o Bell Works representa exatamente o contrário: um convite ao encontro, à criatividade e à construção de comunidade.


Mais do que cenário: um agente de transformação

Essa dicotomia entre o que o prédio foi na ficção e o que se tornou na realidade revela algo essencial sobre o próprio poder da arquitetura. Afinal, os espaços não são neutros. Eles influenciam comportamentos, inspiram ideias — ou limitam possibilidades.

No caso de Bell Works, a série o usou como metáfora da alienação. Fora das telas, porém, ele se tornou um exemplo de revitalização urbana com propósito humano.

Conclusão

O prédio da Lumon em Ruptura é um personagem silencioso da série — e agora, também, um exemplo real de transformação. De laboratório de inovações a espaço abandonado, e então, a uma nova centralidade urbana cheia de vida, o Bell Works mostra como um mesmo ambiente pode ser interpretado de formas radicalmente diferentes.

Na ficção, ele simboliza o controle corporativo e a perda da identidade. Na realidade, representa reconexão, criatividade e renovação.

Essa sobreposição entre mundos — real e imaginário — é uma das forças de Ruptura. E conhecer o bastidor por trás da arquitetura que sustenta visualmente a série nos ajuda a perceber o quanto cada detalhe carrega um significado maior do que aparenta.

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