O roteiro recusado de Ruptura, que viria a se tornar uma das séries mais respeitadas e comentadas da Apple TV+, quase terminou no fundo de uma gaveta.
Originalmente, o texto foi escrito apenas como amostra. O objetivo do criador era usá-lo para entrar em salas de roteiristas. No entanto, o piloto parecia intrigante demais, denso demais — e estranho demais para os padrões da televisão da época.
Como resultado, vários estúdios recusaram o projeto. Por um tempo, a história dos funcionários que dividem suas memórias entre trabalho e vida pessoal parecia condenada ao silêncio.
Mas então, alguém enxergou ali o que ninguém mais viu.
O roteiro que impressionava — e assustava
Dan Erickson escreveu Ruptura apenas para mostrar sua habilidade como roteirista, sem planos de levá-la à produção.
Mesmo assim, seu texto entrou na Blood List de 2016 — uma seleção anual dos melhores roteiros de gênero ainda não produzidos. Ainda que a ideia de uma cirurgia capaz de separar a mente em “versões de trabalho” e “versões pessoais” chamasse atenção, o clima sombrio e o conceito incomum pareciam difíceis demais de vender.
Dessa forma, a maioria dos estúdios não quis arriscar.
Até que, em dado momento, um ator e diretor com histórico de apostas criativas decidiu ler até o fim.
O salto de fé de Ben Stiller
Quando o roteiro chegou às mãos de Ben Stiller, algo clicou.
Segundo Erickson, ele ouviu do diretor uma frase incomum:
“Esse é o tipo de piloto que impressiona, mas que a maioria das pessoas recusaria. Vamos fazer mesmo assim.”
“This is the type of pilot that most people would be impressed by, but then pass on, but let’s just do it. Like, fuck it, let’s make the show.”
— Ben Stiller, segundo Dan Erickson em entrevista ao Thrillist
E foi assim que o roteiro recusado de Ruptura encontrou uma segunda chance.
A produtora de Stiller, Red Hour Productions, levou o projeto adiante. A Apple TV+ abraçou a proposta. E o que era esquisito se transformou em uma das experiências mais instigantes da TV recente.
Quando o risco vira arte
Ruptura estreou em 2022 e rapidamente se tornou um fenômeno.
Estética precisa, silêncio como linguagem, personagens fragmentados — tudo o que parecia barreira virou assinatura.
A série ganhou indicação ao Emmy, conquistou uma base fiel de fãs e provocou uma onda de teorias, interpretações e debates filosóficos. Tudo isso por causa de um piloto que quase ninguém quis produzir.
Quantas histórias incríveis nunca chegaram até nós?
Esse caso diz mais sobre o mundo criativo do que parece.
Quantos projetos são rejeitados não por falta de qualidade, mas por serem incompreendidos no presente?
Se Ruptura tivesse sido esquecida como tantas outras ideias brilhantes, nunca saberíamos o impacto que teria.
A grandeza, às vezes, não grita — ela só precisa de uma única pessoa disposta a escutar.
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