O livro que ninguém consegue ler
Um livro sem título, sem autor e sem tradução. Repleto de ilustrações de plantas que ninguém reconhece e textos em uma língua que ninguém entende. Ele parece saído de um universo paralelo — mas é real. Esse livro é conhecido como Manuscrito Voynich.
Desde que foi redescoberto em 1912, ele atrai linguistas, criptógrafos, historiadores e até a CIA. Ninguém conseguiu traduzi-lo. Tampouco sabem para que serve. E mesmo assim, ele fascina como poucas obras no mundo.
Mas afinal, o que é esse manuscrito? Um código indecifrável? Um tratado alquímico? Uma farsa genial? Ou uma linguagem inventada que nunca teve sentido?
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Página 77 do Manuscrito Voynich. Ilustrações mostram figuras femininas imersas em tubos ou estruturas semelhantes a sistemas hidráulicos. Fonte: Beinecke Rare Book & Manuscript Library – Yale University
Um achado que confundiu até especialistas

Wilfrid Voynich, bibliófilo e colecionador polonês que redescobriu o manuscrito misterioso em 1912. Fonte: Domínio público / Wikimedia Commons
Em 1912, o antiquário polonês Wilfrid Voynich encontrou o livro em um colégio jesuíta na Itália.
Desde então, o manuscrito recebeu seu nome — mas sua origem continua desconhecida.
Os testes mais modernos de carbono-14 datam o pergaminho do início do século XV, entre 1404 e 1438. Isso significa que ele surgiu antes mesmo da invenção da imprensa, em plena Idade Média.
No entanto, o conteúdo do livro… não faz sentido.
A escrita é fluida, cheia de repetições e estruturas gramaticais. À primeira vista, parece uma língua real. Mas não é.
Ninguém conseguiu provar que ela pertence a qualquer idioma já conhecido — ou mesmo que signifique alguma coisa.
Plantas, corpos e constelações impossíveis

Páginas com diagramas circulares e símbolos astrológicos que integram a seção conhecida como “cosmológica” do Manuscrito Voynich. Fonte: Beinecke Rare Book & Manuscript Library – Yale University
O manuscrito é dividido em seções visuais. E é justamente isso que o torna ainda mais desconcertante.
Botânica: desenhos de plantas completamente desconhecidas. Algumas parecem combinações de espécies reais, outras não se assemelham a nada.
Astronomia: diagramas de estrelas e constelações, acompanhados por símbolos enigmáticos.
Biologia: figuras femininas nuas, em tubos e conexões bizarras com fluidos, que parecem representar o corpo humano — ou algo próximo disso.
Farmacêutica e receitas: frascos, raízes, instruções… mas tudo escrito na tal “língua Voynich”, que ninguém consegue decifrar.
Além disso, não há nenhum equivalente visual direto. E os estilos das ilustrações também não batem com os tratados científicos da época.
Tentaram de tudo. Ainda não conseguiram.

Capa envelhecida do Manuscrito Voynich, confeccionada em pergaminho e sem qualquer título visível. Fonte: Beinecke Rare Book & Manuscript Library – Yale University
O manuscrito já foi analisado por grandes criptógrafos, inclusive os que ajudaram a quebrar códigos nazistas na Segunda Guerra. Como se não bastasse, a NSA, a CIA e até especialistas em inteligência artificial já tentaram decifrá-lo.
Teorias abundam:
Que seria um código cifrado de alquimistas medievais.
Que seria uma linguagem construída propositalmente para ocultar conhecimento.
Que seria uma invenção de um trapaceiro medieval.
Que seria apenas arte sem sentido — algo criado por prazer ou provocação.
Apesar de tantas tentativas, nenhuma hipótese foi comprovada. Nenhuma tradução é amplamente aceita.
Uma equipe da Universidade de Alberta, no Canadá, tentou decifrar o manuscrito.
Veja o que descobriram: Inteligência artificial tenta decifrar manuscrito de Voynich
A hipótese mais recente: padrão, mas sem sentido

Análise por IA revela padrões linguísticos no texto. Fonte: imagem gerada por inteligência artificial.
Um dos estudos mais recentes, da Universidade de Alberta, usou inteligência artificial para analisar a estrutura do texto. O resultado? A “linguagem” do Manuscrito Voynich apresenta padrões linguísticos compatíveis com línguas naturais, como o hebraico ou o árabe.
Mas isso não significa que o conteúdo seja real.
Outros estudiosos acreditam que alguém simplesmente imitou a estrutura de uma língua, sem significado algum — um simulacro linguístico.
Ou seja, talvez o autor tenha criado o manuscrito com a intenção de parecer complexo. Um enigma intencional, sem solução.
Um mistério que resiste ao tempo
Mais de 600 anos depois de sua criação, o Manuscrito Voynich continua desafiando tudo o que sabemos sobre escrita, linguagem e simbolismo.
Hoje, ele é mantido na Biblioteca Beinecke da Universidade de Yale, onde pode ser consultado por estudiosos do mundo todo. Mesmo assim, permanece lá: intacto. Desafiador. Silencioso.
Por outro lado, mesmo que um dia seja decifrado, talvez a resposta seja menos fascinante do que o próprio mistério.
Fontes de imagens e ilustrações
Beinecke Rare Book & Manuscript Library – Yale University.
Voynich Manuscript – Digital Collection.
Disponível em: https://beinecke.library.yale.edu/collections/highlights/voynich-manuscriptWikimedia Commons.
Retrato de Wilfrid Voynich (circa 1900). Domínio público.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Wilfrid_Voynich.jpgImagem de capa gerada por inteligência artificial
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