Quem é Robert Schoch? Ele é um geólogo e professor norte-americano que ganhou notoriedade ao propor uma origem muito mais antiga para a Grande Esfinge do Egito. Com Ph.D. em geologia e geofísica pela Universidade de Yale, Schoch leciona na Boston University desde os anos 1980. Embora tenha formação sólida em ciências naturais, ele se destacou por apresentar a hipótese de que a Esfinge mostra sinais de erosão hídrica, o que indicaria uma escultura muito anterior ao período faraônico. A seguir, você vai conhecer sua formação, a teoria polêmica e a reação da comunidade científica.

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Formação acadêmica e trajetória profissional

Fachada do College of General Studies em Boston, onde Robert Schoch leciona como professor associado.

Entrada do College of General Studies da Boston University, onde Robert Schoch atua como professor associado. A instituição é referência em formação interdisciplinar no ensino superior dos Estados Unidos. Imagem: Boston University – College of General Studies

Robert Schoch concluiu um bacharelado duplo em antropologia e geologia na George Washington University, em 1979. Posteriormente, obteve o doutorado em Geologia e Geofísica por Yale, em 1983. No início da carreira, ele se dedicou à paleontologia de vertebrados e publicou estudos sobre fósseis de mamíferos do Paleógeno ao longo dos anos 1980 e 1990.

A partir de 1984, passou a lecionar no College of General Studies da Boston University, onde ministra disciplinas sobre geologia, meio ambiente e geografia. Além disso, colaborou em livros didáticos e recebeu uma homenagem rara: o gênero fóssil Robertschochia carrega seu nome. Portanto, antes mesmo de entrar nas controvérsias egiptológicas, Robert Schoch já possuía uma carreira científica consolidada.


A hipótese da erosão pluvial na Esfinge

A Grande Esfinge de Gizé com a terceira pirâmide ao fundo, ponto central nas teorias de Schoch sobre erosão hídrica.

A Grande Esfinge de Gizé com a terceira pirâmide ao fundo. Para Schoch, a erosão da Esfinge sugere uma origem muito anterior à do Egito dinástico, o que desafia a cronologia acadêmica tradicional. Foto por Hesham Ebaid, domínio público (CC0) — Wikimedia Commons

A teoria mais conhecida de Schoch surgiu no final da década de 1980. Naquele período, ele foi convidado por John Anthony West para analisar a Esfinge com base em evidências geológicas. De fato, West suspeitava que as marcas de desgaste resultavam da ação da chuva, e não do vento. Ao visitar o local, Schoch identificou padrões de erosão verticais e arredondados, além disso, incompatíveis com o clima árido predominante no Egito nos últimos 4.500 anos.

Futuramente, em 1991, ele realizou análises sísmicas e observações no terreno. Com base nisso, concluiu que a escultura poderia ter sido feita entre 7.000 e 5.000 a.C., ou até antes. Segundo essa hipótese, apenas um período prolongado de clima úmido — como o Neolítico africano — explicaria o nível de desgaste observado nas rochas.


Evidências geológicas e argumentação técnica

Para sustentar essa hipótese, Schoch apresentou três pilares principais:

  • As marcas de erosão na Esfinge exibem padrões verticais e suavizados, diferentes da erosão horizontal causada por vento.

  • As medições sísmicas indicaram camadas intemperizadas com até 2 metros de profundidade, o que sugere longa exposição à umidade.

  • A desproporção entre o corpo e a cabeça da Esfinge sugere que a escultura original sofreu alterações posteriores.

Com base nisso, ele defendeu que a Esfinge foi esculpida por uma cultura anterior à faraônica. A cabeça original (possivelmente de leão) teria sido remodelada como um faraó, o que explicaria seu tamanho reduzido. No entanto, arqueólogos contestaram duramente essa ideia.


Quem é Robert Schoch no universo da arqueologia alternativa?

Robert Schoch em campo na Turquia, fotografado por Catherine Ulissey, em meio a formações rochosas e ruínas históricas.

Com a popularização de sua teoria, Schoch passou a colaborar com figuras notáveis da arqueologia alternativa. Em 1993, apresentou suas ideias no documentário The Mystery of the Sphinx, ao lado de West. Como resultado, o documentário conquistou audiência global e, além disso, ganhou um prêmio Emmy.

Mais tarde, uniu-se a Robert Bauval, defensor da correlação com Órion, para aprofundar os estudos sobre Gizé. Juntos, publicaram Origins of the Sphinx (2017), obra que conecta evidências geológicas e astronômicas. Nesse livro, os autores situam a construção original da Esfinge em torno de 10.500 a.C., associando-a à constelação de Leão e também à era mitológica Zep Tepi — a “Primeira Vez” dos egípcios.

Origins of the Sphinx: Celestial Guardian (English Edition)


Outras investigações de Schoch

Vista aérea do sítio arqueológico de Göbekli Tepe, na Turquia, estudado por Schoch como exemplo de civilização antiga avançada.

Vista aérea do complexo arqueológico de Göbekli Tepe, na Turquia — um dos pilares da argumentação de Schoch sobre a existência de civilizações avançadas muito antes do que supõe a história oficial. Foto por Rolf Cosar, CC BY-SA 4.0 — Wikimedia Commons

Além da Esfinge, Schoch investigou diversos mistérios históricos. Por exemplo, ao analisar a estrutura submersa de Yonaguni (Japão), concluiu que se trata de uma formação natural, e não artificial. Também se interessou por Göbekli Tepe, um sítio datado de 9.600 a.C., na Turquia, que exibe arquitetura monumental anterior à agricultura.

Em seu livro Forgotten Civilization (2012), propôs que uma intensa atividade solar por volta de 9.700 a.C. provocou um colapso climático global. Como resultado, antigas sociedades desapareceram, o que pode ter originado os mitos de dilúvio nas culturas suméria, hebraica e maia. Embora suas ideias dialoguem com as de Graham Hancock, Schoch mantém o foco principalmente nos dados geológicos.


Críticas e ceticismo acadêmico

Apesar disso, a maioria dos egiptólogos rejeitou a hipótese de Schoch, mesmo com a atenção do público. Segundo os críticos, há múltiplas evidências associando a Esfinge ao reinado de Quéfren, por volta de 2.500 a.C. Isso inclui, por exemplo, o rosto da estátua, o templo construído com blocos extraídos do fosso da Esfinge e também inscrições da IV Dinastia.

Mark Lehner, um dos principais estudiosos do platô de Gizé, argumenta que não há espaço cronológico nem arquitetônico para uma civilização anterior naquele local. Além disso, geólogos independentes atribuíram a erosão a fatores naturais. De acordo com eles, o tipo de calcário, a posição em uma depressão e a retenção de umidade pela areia justificariam o desgaste visível, sem necessidade de antecipar a construção em milênios.


Legado e contribuição científica

Apesar das divergências, quem é Robert Schoch aos olhos do público interessado em enigmas históricos? Para muitos, ele representa o cientista que aplicou um olhar técnico à egiptologia. Sua formação em geologia permitiu levantar hipóteses que, embora não aceitas, estimularam novas discussões.

Schoch também ajudou a disseminar a ideia de que monumentos antigos podem guardar uma história mais profunda do que se acreditava. Em resumo, sua figura ocupa um lugar singular entre o ceticismo acadêmico e a imaginação alternativa. Por esse motivo, continua sendo lembrado como o geólogo que desafiou certezas sobre a Esfinge e deu início a um debate que, até hoje, permanece em aberto.

Referências

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