A inteligência artificial (IA) segue revolucionando setores inteiros, e a Isomorphic Labs, subsidiária da Alphabet, quer ser o grande nome dessa mudança na área da saúde. Com um aporte bilionário e alianças estratégicas, a empresa aposta no uso de medicamentos com inteligência artificial para encurtar o tempo de desenvolvimento de fármacos e turbinar a eficácia de novos tratamentos. Além disso, sua atuação sinaliza uma transformação duradoura no setor biomédico.
O que é a Isomorphic Labs?
A Isomorphic Labs foi fundada em 2021 por Demis Hassabis, cofundador da DeepMind. O objetivo principal é aplicar algoritmos de IA na descoberta de medicamentos, utilizando, por exemplo, dados de estruturas moleculares e genéticas para acelerar cada etapa da pesquisa. Nesse sentido, a empresa busca otimizar processos que, tradicionalmente, levariam anos para serem concluídos.
O que diferencia a empresa é o uso do AlphaFold, um sistema de IA capaz de prever como proteínas se dobram em nível tridimensional. Essa tecnologia, desenvolvida pela DeepMind, resolveu um enigma científico que, há décadas, dificultava o avanço da biologia molecular. Como resultado, abriu novas possibilidades para o design racional de medicamentos.
Reconhecimento Nobel
A importância do AlphaFold é tamanha que, em 2024, Demis Hassabis e o pesquisador John Jumper receberam o Prêmio Nobel de Química pelo trabalho no desenvolvimento do sistema. Com esse reconhecimento, a relevância científica do projeto ganhou novo fôlego e abriu caminho para sua aplicação comercial em diferentes frentes — inclusive, na área farmacêutica. Portanto, a premiação validou não apenas a tecnologia, mas o potencial transformador da IA na medicina.
A nova rodada de financiamento
Em março de 2025, a Isomorphic Labs levantou 600 milhões de dólares em sua primeira rodada de financiamento externo, liderada pela Thrive Capital. Além disso, a operação contou com a GV (Google Ventures) e com a própria Alphabet (controladora do Google), ampliando o suporte institucional ao projeto.
Uso dos recursos: aprimorar o motor de design de medicamentos baseado em IA e acelerar os programas rumo aos ensaios clínicos.
Contratações estratégicas: segundo Hassabis, embora a empresa não precisasse “urgentemente” do dinheiro, o investimento ajudará a atrair os melhores cientistas e pesquisadores do mercado. Por isso, o aporte não é apenas financeiro, mas estratégico.
Como a IA encurta o caminho até novos medicamentos
Previsão de estruturas proteicas: o AlphaFold antecipa como proteínas se dobram e interagem com moléculas, facilitando a identificação de alvos terapêuticos.
Desenho de compostos: a IA auxilia na criação e otimização de moléculas que podem se tornar futuros fármacos.
Análise de dados em massa: com algoritmos de aprendizado profundo, a Isomorphic Labs consegue processar milhões de combinações químicas em menos tempo, reduzindo significativamente o ciclo de pesquisa.
Consequentemente, esse método promete encurtar o processo de descoberta de medicamentos de anos para poucos meses. Além disso, ele reduz custos e permite maior personalização dos tratamentos, tornando-os mais eficazes e acessíveis.
Parcerias de peso e pipeline de pesquisas
Para acelerar resultados, a empresa firmou parcerias com Eli Lilly e Novartis, que podem gerar até 3 bilhões de dólares em pagamentos vinculados a marcos de desenvolvimento. Essas colaborações, por sua vez, ampliam o alcance da Isomorphic Labs em áreas como:
Oncologia: busca de terapias mais eficazes e menos invasivas contra o câncer.
Doenças raras: pesquisas voltadas a condições com poucos tratamentos existentes.
Distúrbios autoimunes: criação de fármacos capazes de equilibrar o sistema imunológico.
Em outras palavras, a empresa está construindo um portfólio promissor com potencial para impactar diversas frentes da medicina.
Possível cronograma para ensaios clínicos
A Isomorphic Labs sinaliza que pretende levar seus primeiros medicamentos gerados com inteligência artificial aos ensaios clínicos ainda em 2025, ou nos meses iniciais de 2026. Caso essa previsão se concretize, será um passo histórico para a biotecnologia. Mais do que isso, demonstrará que a IA pode impulsionar descobertas em ritmo sem precedentes — algo que, até recentemente, parecia distante.
Desafios éticos e regulatórios
Mesmo com todo o entusiasmo, o uso de IA na saúde exige cautela e responsabilidade:
Privacidade de dados: é crucial proteger as informações genéticas e clínicas dos pacientes.
Transparência algorítmica: pesquisadores e reguladores precisam entender como o sistema toma decisões, garantindo a segurança dos tratamentos.
Responsabilidade clínica: quem responde se algo sair do previsto? Nesse ponto, é essencial definir papéis entre a equipe de IA, as farmacêuticas e os órgãos reguladores.
Portanto, acompanhar os impactos éticos será tão importante quanto celebrar os avanços tecnológicos.
Conclusão
A chegada da IA na medicina não é mais um cenário de ficção científica. Com a Isomorphic Labs, a proposta de criar medicamentos sob medida em tempos recordes com o uso da inteligência artificial está mais próxima de se tornar realidade. E se hoje o AlphaFold consegue prever com precisão o formato de proteínas, é possível que, amanhã, ele ofereça uma gama de soluções terapêuticas jamais vistas.
Resta, portanto, acompanhar de perto os avanços e desafios que surgirão no caminho. Se tudo correr conforme o esperado, a Isomorphic Labs pode encurtar significativamente a distância entre laboratório e hospital — e, de quebra, abrir uma nova era de inovações biomédicas guiadas pela IA.
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