Se você procurou por Fullmetal Alchemist e descobriu que existem duas versões — uma de 2003 e outra chamada Brotherhood — não se preocupe: essa confusão é comum. As diferenças entre Fullmetal Alchemist e Brotherhood vão além do título e afetam desde o enredo até os vilões e o final de cada história.

E sim, existe um motivo claro para isso — e envolve o mangá original, que deu origem às duas adaptações.

Esté é o seu guia completo para entender quais são as diferenças entre as duas versões, qual é mais fiel à obra original e qual delas assistir primeiro, dependendo do que você procura.

Aqui, você encontrará:

  • Uma primeira parte sem spoilers, ideal para quem ainda não assistiu nenhuma das versões e quer entender as principais diferenças antes de decidir.

  • Uma segunda parte com spoilers, para quem já conhece a história ou deseja se aprofundar nas mudanças mais significativas entre os dois animes.

Se você ainda não assistiu Fullmetal Alchemist, continue na próxima seção. Vamos explicar tudo o que você precisa saber para tomar sua decisão — sem revelar nenhum detalhe importante da trama.

Entendendo a origem: como o mangá influenciou os dois animes

 

Antes de comparar as versões de Fullmetal Alchemist, é fundamental entender o ponto de partida de tudo: o mangá original, escrito e ilustrado por Hiromu Arakawa.

Publicado entre 2001 e 2010, o mangá apresenta a história completa dos irmãos Edward e Alphonse Elric. Ele traz o desenvolvimento dos personagens, a origem dos vilões e um desfecho coeso, planejado desde o início. Em outras palavras, essa é a obra que define o verdadeiro enredo de Fullmetal Alchemist.

No entanto, quando o primeiro anime chegou às telas, em 2003, o mangá ainda estava em andamento. Por isso, para concluir a série, o estúdio criou um final alternativo e conduziu os personagens por um arco exclusivo a partir da metade da história. Essa escolha levou a uma narrativa completamente diferente.

Alguns anos depois, em 2009, com o mangá já finalizado, surgiu uma nova adaptação: Fullmetal Alchemist: Brotherhood. Dessa vez, a equipe seguiu fielmente o conteúdo original, do primeiro capítulo até o último volume.

Portanto, é essa diferença de origem que explica por que os dois animes são tão distintos — mesmo começando de forma semelhante.

Por que existem dois animes?

A existência de duas versões de Fullmetal Alchemist se deve a um fator simples: tempo.

O primeiro anime, lançado em 2003, foi produzido quando o mangá ainda estava sendo publicado. Dessa forma, com apenas parte da história disponível, o estúdio decidiu seguir um caminho próprio a partir de certo ponto, criando personagens, vilões e um final completamente original. Hiromu Arakawa, autora do mangá, teve uma participação limitada nesse processo: ela esteve presente em reuniões para contextualizar o universo da obra, mas não influenciou diretamente o roteiro. Foi ela quem sugeriu que o estúdio criasse um final alternativo, diferente do que planejava para o mangá — e chegou a elogiar algumas ideias desenvolvidas, como a origem dos Homúnculos.

Já em 2009, com o mangá finalizado, a mesma história pôde ser adaptada com total fidelidade. Assim nasceu Fullmetal Alchemist: Brotherhood, que seguiu o roteiro exato escrito por Hiromu Arakawa — do primeiro ao último capítulo.

Capa original do mangá Fullmetal Alchemist

Ou seja, os dois animes nasceram de contextos diferentes. Um precisou inventar soluções, o outro teve acesso à história completa. Isso explica por que eles compartilham o mesmo ponto de partida, mas, devido às diferenças de origem de criação entre Fullmetal Alchemist e Brotherhood, entregam experiências tão distintas.

Linha do tempo visual em português explicando por que existem dois animes de Fullmetal Alchemist.

Linha do tempo da criação de Brotherhood

Comparação sem spoilers: diferenças entre Fullmetal Alchemist e Brotherhood

Embora ambas as versões contem a história de Edward e Alphonse Elric em busca da Pedra Filosofal, elas se diferenciam profundamente em estilo, tom e narrativa. Veja um resumo lado a lado:

ElementoFMA (2003)Brotherhood (2009)
Fidelidade ao mangáParcial – segue o mangá só no inícioTotal – adapta todos os 27 volumes
Tom narrativoMais sombrio, introspectivo e filosóficoMais dinâmico, épico e com foco político
Estilo visualAtmosfera mais melancólica, cores sóbriasAnimação vibrante e cenas de ação elaboradas
Ritmo da históriaMais contido, com foco emocionalRápido no início, depois equilibrado
Quantidade de episódios51 episódios + 1 filme64 episódios (sem filme)
FinalOriginal, alternativo e mais trágicoFiel ao mangá, com desfecho completo

Qual assistir primeiro?

A resposta depende do que você está procurando.

Se você quer conhecer a história como a autora escreveu, com todos os personagens e eventos planejados do início ao fim, a melhor escolha é começar por Fullmetal Alchemist: Brotherhood. Essa é a versão mais completa, coerente e amplamente recomendada — especialmente para quem está vendo pela primeira vez.

Por outro lado, se você já assistiu Brotherhood e ficou curioso sobre uma abordagem alternativa, pode valer a pena ver o anime de 2003. Ele oferece uma visão mais emocional e filosófica, com reviravoltas exclusivas e uma conclusão diferente.

Resumindo:

  • Primeira vez? Vá de Brotherhood.

  • Quer explorar outra visão depois? Aí sim, experimente o Fullmetal Alchemist de 2003.

Recepção e avaliações

Ambas as versões de Fullmetal Alchemist foram bem recebidas pelo público e pela crítica — mas Brotherhood se destaca com avaliações superiores nas plataformas mais relevantes.

No MyAnimeList, Brotherhood possui uma nota de 9.09/10, enquanto a versão de 2003 tem 8.10/10. Já no IMDb, as notas são 9.1/10 para Brotherhood e 8.5/10 para a versão de 2003.

Essas avaliações refletem a preferência da maioria dos fãs por uma adaptação mais fiel ao mangá original.

As pontuações foram verificadas na data da última atualização deste post. Para acompanhar as notas mais recentes, acesse os links abaixo:

⚠️ A partir daqui, este post contém spoilers

Se você ainda não assistiu Fullmetal Alchemist (2003) nem Brotherhood (2009) e deseja preservar todas as surpresas da história, recomendamos parar por aqui. A próxima parte entra em detalhes sobre o enredo, os vilões e o final de cada versão.

Se você já viu ou quer entender exatamente como as histórias se diferenciam, siga em frente.

Quando as histórias se separam

Representação comparativa entre Fullmetal Alchemist 2003 e Brotherhood. À esquerda, um alquimista ajoelhado representa o sofrimento de criar Homúnculos por meio de transmutação humana. À direita, figuras em tubos simbolizam a criação artificial em Brotherhood

Representação simbólica da origem dos Homúnculos em Fullmetal Alchemist 2003 (à esquerda) e Brotherhood (à direita)

Ambas as versões de Fullmetal Alchemist começam do mesmo ponto. A infância trágica dos irmãos Edward e Alphonse Elric. A tentativa proibida de trazer a mãe de volta à vida por meio da alquimia. E as consequências drásticas dessa escolha — a perda do corpo de Al e parte do corpo de Ed. A busca pela Pedra Filosofal surge, então, como esperança de restaurar o que foi perdido.

Durante os primeiros episódios das duas versões, a trama segue um caminho bastante semelhante: eventos como o arco da cidade de Lior, o caso trágico de Nina Tucker e a introdução dos Homúnculos estão presentes em ambas. No entanto, desde cedo, as diferenças entre Fullmetal Alchemist e Brotherhood começam a se evidenciar no tom narrativo e na profundidade emocional.

A divergência real na história acontece por volta do episódio 25 da versão de 2003. Como o mangá ainda não estava finalizado, o anime passou a seguir um enredo original. A partir daí, ele introduz personagens e motivações que não existem no mangá, como a vilã Dante. Além disso, desenvolve os Homúnculos de forma totalmente diferente.

Em contraste, Brotherhood continua fiel ao mangá. A história revela conexões mais amplas entre a alquimia, o governo e uma ameaça muito maior: o personagem chamado Pai (ou “Father”), o primeiro Homúnculo.

Por causa disso, essa bifurcação cria duas narrativas com tons, arcos e desfechos completamente distintos. Mesmo que os protagonistas, a base do universo e o início da jornada sejam os mesmos.

Vilões diferentes, motivações diferentes

Representação simbólica dos vilões Dante e Pai nas versões 2003 e Brotherhood de Fullmetal Alchemist. Imagem gerada por IA.

Representação simbólica de Dante e Pai em Fullmetal Alchemist

Uma das diferenças mais marcantes entre Fullmetal Alchemist (2003) e Brotherhood está nos vilões centrais — e em tudo que gira em torno deles: origens, motivações e impacto na trama.

Em Fullmetal Alchemist (2003)

O antagonismo principal é conduzido por Dante, uma personagem original do anime. Ela é uma alquimista imortal que transfere sua alma de corpo em corpo há séculos. Assim, seu objetivo é sobreviver indefinidamente, manipulando eventos nos bastidores da história.

Além disso, Dante usa os Homúnculos como peões. Ela explora suas fragilidades emocionais para controlá-los com frieza.

Como resultado, sua motivação é pessoal e sombria, baseada no medo da morte e no desejo de controle. Ela mantém uma ligação direta com Hohenheim, pai dos protagonistas — um vínculo que altera profundamente o rumo da história, especialmente no final, que assume um tom inesperado e melancólico.

Em Brotherhood

Já em Brotherhood, o vilão central é Pai (“Father”), o primeiro Homúnculo, nascido de um experimento ancestral com a entidade conhecida como Verdade.

Diferente de Dante, Pai representa uma ameaça filosófica e sistêmica. Ele busca se tornar um ser perfeito, livre de vínculos, emoções e da própria mortalidade.

Para atingir esse objetivo, ele manipula o governo de Amestris, controla os Homúnculos — que simbolizam os sete pecados capitais — e planeja um sacrifício em escala nacional. Ou seja, pretende usar toda a população como matéria-prima alquímica.

Enquanto Dante encarna um antagonismo mais intimista, baseado em ressentimentos pessoais, Pai simboliza a arrogância do conhecimento absoluto. Essa oposição coloca Brotherhood em uma escala épica, com conspirações, guerras e dilemas universais.

Por fim, essa diferença de abordagem define o tom e a profundidade de cada versão da história — mesmo que os protagonistas e a base do universo sejam os mesmos.

A origem dos Homúnculos

Os Homúnculos — seres que desafiam as leis naturais — estão presentes nas duas versões de Fullmetal Alchemist, mas suas origens são completamente diferentes.

Em Fullmetal Alchemist (2003)

Os Homúnculos são o resultado de transmutações humanas fracassadas. Ou seja: sempre que um alquimista tenta trazer alguém de volta à vida — o que é proibido —, o que surge não é a pessoa desejada, mas uma criatura imperfeita e instável: um Homúnculo.

Esses seres carregam traços da pessoa que se tentou reviver, e muitos deles têm vínculos emocionais com os protagonistas. Por exemplo:

  • Luxúria (Lust) é o reflexo da mulher que Scar tentou ressuscitar.

  • Ira (Wrath) carrega partes do corpo de Edward.

  • Preguiça (Sloth) é uma recriação da própria mãe dos irmãos Elric.

Essa abordagem dá aos Homúnculos uma carga emocional intensa, tornando-os mais trágicos do que malignos em essência.

Em Brotherhood

Já em Brotherhood, todos os Homúnculos são criações artificiais de “Pai”, o vilão central. Eles foram gerados deliberadamente, cada um representando um dos sete pecados capitais: orgulho, inveja, gula, luxúria, preguiça, ira e avareza.

Eles não têm ligações diretas com transmutações humanas, nem com o passado dos protagonistas. Sua função é servir como extensões da vontade de Pai e agir como obstáculos ao avanço dos heróis.

Essas diferenças entre Fullmetal Alchemist e Brotherhood mudam completamente o tom: na versão Brotherhood, os Homúnculos são peças de uma máquina maior, enquanto os da versão de 2003 são consequência direta dos erros e dores dos alquimistas.


Mudanças no destino dos personagens

Além da origem e motivações, os caminhos trilhados por diversos personagens variam bastante entre as duas versões. Algumas dessas diferenças são sutis, mas outras mudam completamente o impacto da história.

Exemplos marcantes:

  • Maes Hughes: sua morte ocorre em ambas as versões e continua sendo um dos momentos mais comoventes da franquia. Porém, as repercussões emocionais são mais duradouras no anime de 2003, reforçando o tom sombrio da série.

  • Ira (Wrath):

    • Em Brotherhood, Wrath é King Bradley, um dos Homúnculos mais temíveis e respeitados.

    • Em 2003, Wrath é um garoto nascido da tentativa fracassada de Izumi de ressuscitar seu filho, tornando-se um Homúnculo com partes do corpo de Edward e um destino mais emocional do que político.

  • Luxúria (Lust):

    • Em 2003, Lust vive um arco de redenção parcial, questionando sua natureza e buscando humanidade.

    • Em Brotherhood, ela é fria, manipuladora e eliminada de forma definitiva ainda na metade da série.

  • Scar:

    • Suas motivações e evolução moral existem em ambas, mas ganham mais nuance e complexidade em Brotherhood, com envolvimento direto nos planos de revolução e redenção.

Essas variações mostram que, embora muitos personagens apareçam nas duas versões, eles não são necessariamente os mesmos em essência ou propósito.


Finais opostos

Ilustração dividida mostrando simbolicamente os finais de Fullmetal Alchemist: à esquerda, Edward cabisbaixo diante de um fundo escuro; à direita, ele caminha com Alphonse criança sob um céu dourado, sugerindo esperança em Brotherhood.

Representação simbólica dos finais: Fullmetal Alchemist 2003 (à esquerda) e Brotherhood (à direita)

A conclusão de cada anime sintetiza tudo o que os diferencia. Enquanto Brotherhood oferece um final épico, fechado e alinhado ao mangá, a versão de 2003 encerra sua história de forma mais trágica, filosófica e ambígua.

Final de Fullmetal Alchemist (2003)

Edward descobre verdades amargas sobre a origem do mundo e sobre os limites da alquimia. Ao tentar corrigir seus erros, ele sacrifica sua vida para trazer Alphonse de volta — mas acaba sendo transportado para um universo paralelo semelhante à Terra real, durante o período da Segunda Guerra Mundial.

Essa história é concluída no filme Conqueror of Shamballa (2005), que mistura magia e tecnologia, mundos paralelos e política real. O tom final é melancólico e aberto, com os irmãos separados e tentando encontrar um novo propósito.

Final de Fullmetal Alchemist: Brotherhood

Aqui, a trama culmina em uma batalha monumental contra Pai, com todos os personagens principais envolvidos. Os arcos narrativos são resolvidos de forma coesa:

  • Alphonse recupera seu corpo.

  • Edward renuncia ao uso da alquimia como preço por restaurar o irmão.

  • Os sobreviventes encontram caminhos próprios, com uma mensagem clara de crescimento, reparação e esperança.

O final de Brotherhood é redentor e otimista, sem perder o peso das escolhas feitas ao longo da jornada.


As duas versões oferecem encerramentos marcantes — mas respondem a intenções totalmente distintas: o de 2003 foca nas consequências e na dor do sacrifício; o de Brotherhood, na superação e no equilíbrio entre ciência, ética e humanidade.

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