A Klarna, fintech sueca conhecida pelo modelo “compre agora, pague depois” (ou como a gente chamaria por aqui, “compre fiado 5.0”), surpreendeu ao colocar um CEO de IA para apresentar seus resultados trimestrais. Isso mesmo: não foi deepfake, nem sátira — foi estratégia. A empresa usou um avatar digital do fundador Sebastian Siemiatkowski, criado com inteligência artificial, para divulgar os números mais recentes e reforçar sua narrativa: a Klarna agora é uma empresa de IA.

Você pode conferir o vídeo aqui:


Mas o que é a Klarna, afinal?

Apesar de pouco conhecida no Brasil, a Klarna é uma das maiores fintechs da Europa. Fundada em 2005, ela se popularizou oferecendo o modelo “Buy Now, Pay Later” (BNPL), permitindo que clientes façam compras online e paguem dias ou semanas depois, sem juros. A proposta fez sucesso, especialmente nos Estados Unidos e no mercado europeu, a ponto da empresa atingir uma valorização de mais de 45 bilhões de dólares em seu auge.

Mas os tempos mudaram. Com a queda do entusiasmo por fintechs, a Klarna perdeu valor de mercado, reduziu custos e agora aposta na inteligência artificial como novo pilar. Atualmente, ela se prepara para abrir capital na bolsa dos EUA, tentando mostrar que se reinventou.


A apresentação com IA: inovação ou encenação?

O vídeo publicado pela própria empresa mostra um avatar muito semelhante ao CEO humano. A IA veste um casaco parecido com o da foto institucional de Sebastian Siemiatkowski e apresenta os dados financeiros com uma entonação quase natural. Os únicos sinais de que se trata de uma simulação são pequenos: a voz ligeiramente artificial e a frequência de piscadas, bem menor que a de um ser humano comum.

Mas ao contrário de outras empresas que já brincaram com a ideia — como a Artisan, que satirizou a demissão do próprio CEO por uma IA — a Klarna não tratou isso como piada. O vídeo foi promovido com seriedade, e a empresa deixou claro que essa é uma forma de integrar ainda mais a IA à sua operação.


A IA está substituindo o CEO?

Não por enquanto — mas o debate está lançado. O uso do avatar serviu para reforçar a mensagem de que a IA está no centro da estratégia da Klarna. Segundo Siemiatkowski (o real), a empresa reduziu sua equipe de cerca de 5 mil para quase 3 mil pessoas, graças a processos mais eficientes com IA. A receita por colaborador agora chega perto de 1 milhão de dólares.

Em outras palavras, o avatar não é só uma curiosidade. É um símbolo de como a Klarna quer se apresentar ao mercado: como uma companhia mais enxuta, automatizada e orientada por dados.


O CEO do futuro pode não ser humano

As tarefas centrais de um CEO — definir estratégias, tomar decisões e assumir responsabilidade — não dependem necessariamente de um corpo físico. Um estudo publicado pela Harvard Business Review mostrou que, em simulações baseadas em GPT-4o, IAs tomaram decisões estratégicas melhores que CEOs humanos na maioria dos cenários.

A exceção? Situações imprevisíveis, como pandemias e colapsos financeiros. Nessas horas, a sensibilidade e a intuição humanas ainda são insubstituíveis. Mas os próprios pesquisadores apontaram: essas são as primeiras gerações de IAs. E elas estão aprendendo rápido.


Reflexão final – Você aceitaria um CEO digital?

Se uma IA for capaz de analisar volumes gigantescos de dados, tomar decisões mais racionais e comunicar resultados com clareza, por que ela não poderia liderar uma empresa? Talvez o problema não esteja na tecnologia, mas na nossa própria resistência. Afinal, quem precisa piscar para ser convincente?


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