Você talvez nunca tenha dito Tudum em voz alta — mas já ouviu esse som centenas de vezes. Ele anuncia que uma nova história vai começar e ficou tão famoso que virou nome de site, evento e até campanha global.
Por que se chama Tudum? Essa é a pergunta que vamos responder aqui: qual é a verdadeira origem do nome Tudum — o som da Netflix que virou marca?
A teoria dos fãs: House of Cards e o som do anel

Frank Underwood em House of Cards
Durante anos, circulou uma teoria entre os fãs da Netflix: o som Tudum teria nascido numa cena icônica de House of Cards. Frank Underwood (Kevin Spacey) bate o punho com força na mesa, e o anel em seu dedo produz um som grave e seco — muito parecido com o da vinheta.
A associação parecia fazer sentido. House of Cards foi a primeira grande série original da plataforma, e o momento era simbólico. Só tinha um detalhe: não era verdade.
Por que se chama Tudum? A origem oficial

Lon Bender, designer de som
A verdadeira origem do nome Tudum — e a resposta para por que se chama Tudum — só veio a público em 2020, no podcast Twenty Thousand Hertz. Todd Yellin, vice-presidente de produto da Netflix, explicou que, entre 2015 e 2016, a empresa buscava um som marcante — algo que representasse a marca de forma única e emocional.
Foi então que o designer de som Lon Bender, vencedor do Oscar, ouviu um som inusitado: o toque de seu anel de casamento batendo em um móvel de madeira. Aquela batida virou a base da vinheta que todos conhecemos.
Como o som foi moldado até virar o Tudum final
A gravação do anel batendo na madeira foi só o ponto de partida. A partir dali, o som passou por uma verdadeira lapidação sonora.
Lon Bender, o designer por trás da vinheta, sobrepôs camadas cuidadosamente escolhidas: uma batida de bigorna desacelerada, sons abafados de percussão cinematográfica e, por fim, uma gravação invertida de guitarra elétrica dos anos 1990, batizada de “flor” ou “blossom” — um desabrochar sonoro que fecha a vinheta com uma nota de suspense.
O objetivo era claro: criar um som minimalista, mas carregado de emoção. Algo que dissesse, sem palavras, que uma história importante estava prestes a começar.
E funcionou. Com menos de dois segundos de duração, o Tudum se tornou reconhecível em qualquer lugar do mundo — uma assinatura sonora capaz de gerar antecipação imediata com um único impacto.
O som que quase foi… uma cabra
A escolha não foi automática. Entre as opções consideradas, estava… o som de uma cabra berrando. Sim, a ideia era criar algo tão marcante quanto o rugido do leão da MGM, mas com uma pitada de irreverência.
Também cogitaram sons mais atmosféricos, como bolhas vindo do fundo do oceano. Mas nenhum deles funcionou tão bem quanto o Tudum: direto, simples e imediatamente reconhecível.
Um quase-retcon de branding
A explicação oficial da Netflix até poderia ser vista como um retcon da vida real — dessas reinterpretações que dão um ar de destino a algo que nasceu de forma caótica. Mas nesse caso, nem dá pra chamar de reescrita: a empresa nunca contou uma versão anterior da história.
Quem preencheu esse espaço foram os fãs, com teorias espontâneas e associações visuais. Quando a Netflix enfim compartilhou os bastidores, o som já era famoso o bastante para que qualquer história fizesse sentido. E ela soube entregar uma — simples, simbólica e inesquecível.
De vinheta a identidade cultural

Letreiro da Netflix que toca o som do Tudum ao girar.
Hoje, a origem do nome Tudum não é apenas uma curiosidade de bastidor. De fato, é um exemplo de como um som pode se tornar uma marca, um evento e uma identidade cultural.
Ademais, o Tudum não é mais só uma vinheta. Ele vai além disso, é nome de site, de festival, de projeto global. Ou seja, é uma prova de que, quando bem executado, um detalhe sonoro pode se tornar tão memorável quanto qualquer imagem.
E que às vezes, basta um anel batendo na madeira para marcar o início de uma história que ninguém mais vai esquecer.