O Nome que Escolhemos

Demos nomes grandiosos aos planetas. Marte, o deus da guerra, Vênus, a deusa do amor, Netuno, senhor dos mares. Cada astro recebeu um título digno de uma entidade cósmica, evocando mitos e lendas antigas. Mas quando chegou a vez de nomear nosso próprio mundo, olhamos para os pés e decidimos que seria chamado do mesmo elemento em que pisamos, a terra. Por que em quase todas as partes do globo, chamamos  a Terra simplesmente de Terra?

A Repetição da Lógica

Em todas as línguas, a mesma lógica se repete. Earth, Terra, Tierra, Erde, Zemlya. Cada povo, cada civilização, em sua própria dança de sílabas, nomeou o planeta como quem nomeia o solo, o pó, o barro entre os dedos. Como se o mais importante sobre a nossa casa não fosse o fato de que ela flutua no infinito, mas sim que conseguimos nos sustentar sobre ela.

O Que Isso Diz Sobre Nós?

Talvez que, por muito tempo, fomos prisioneiros da gravidade. Nossa existência se limitava ao que podíamos tocar, e as estrelas não passavam de buracos na lona do céu. Só depois de séculos descobrimos que habitávamos uma esfera azul suspensa no nada. Mas o nome ficou. Talvez porque, no fundo, ele nunca foi sobre astronomia. Foi sobre pertencimento.

Não chamamos nosso planeta de Terra por ignorância cósmica. Chamamos porque, antes de olharmos para as estrelas, fomos seres de solo, de raízes, de montanhas e vales. Nosso nome não reflete onde estamos no universo, mas sim quem fomos ao longo da história.

A-serene-Nordic-landscape-under-a-vast-star-filled-night-sky.-A-cozy-wooden-choupana-rests-among-gentle-rolling-hills-exuding-warmth-and-tranquility_reduced-1024x585 O Dia em que Chamamos a Terra de Terra

E Se Olharmos Para Cima?

Mas agora, olhe para cima.

Olhe além da estratosfera, onde o azul se dissolve e o preto absoluto toma conta. Imagine outros mundos, outras civilizações. Se em alguma estrela distante há vida inteligente, como esses seres teriam nomeado o próprio planeta? Será que tomaram a mesma decisão que nós?


O Nome dos Outros Mundos

Planetas de Oceanos Eternos

Se uma civilização nasceu em um planeta de oceanos eternos, sem terra firme à vista, como eles chamariam sua casa? Certamente não terra, pois para eles o solo seria um rumor, uma lenda. Talvez o nome de seu mundo fosse “água”, “profundezas”, ou algo mais poético, como “ventre”—afinal, tudo que conhecem nasce e se dissolve nesse grande útero líquido.

A-vast-alien-ocean-planet-with-no-visible-land-covered-entirely-by-deep-mysterious-waters.-The-horizon-stretches-infinitely-with-bioluminescent-cor_reduced-1024x585 O Dia em que Chamamos a Terra de Terra

Seres das Nuvens

Se fossem seres das nuvens, que nunca pousam, nunca sentem peso sob os pés, faria sentido nomear seu mundo em termos de algo tão banal quanto um pedaço de chão? Para eles, o nome de casa poderia ser “vento”, “céu”, ou talvez “sussurro”, pois sua realidade não tem firmeza, apenas movimento.

A-vast-atmospheric-world-resembling-Jupiter-filled-with-swirling-clouds-and-a-rich-palette-of-beige-orange-and-brown-hues.-The-environment-is-entir_reduced-1024x585 O Dia em que Chamamos a Terra de Terra

Os Nômades do Espaço

E os nômades do espaço? Aqueles que nunca tiveram um planeta para chamar de lar? Para eles, talvez a ideia de mundo seja irrelevante. Se perguntássemos de onde vieram, poderiam apenas rir e dizer: “qual deles?”

Ainda assim, talvez a lógica se mantenha.

Porque, para qualquer civilização, nomear o próprio planeta não é só uma questão de geografia. É uma declaração de identidade. Sejam águas infinitas, céus sem chão ou terras de metal, os nomes que escolhemos dizem mais sobre nós do que sobre a matéria de que são feitos.

CIVILIZACOES_FORA_DA_TERRA_reduced O Dia em que Chamamos a Terra de Terra


E Nós, Se Pudéssemos Recomeçar?

Um Novo Nome Para a Terra

E se, num ato de rebeldia, decidíssemos abandonar o velho nome? Se ignorássemos os milênios de tradição e, pela primeira vez, olhássemos para nosso planeta como realmente é?

Talvez o chamássemos de “Azul”, como os astronautas o veem da órbita. Ou de “Bússola”, pois sempre foi nosso ponto de referência no universo. Ou talvez de “Batimento”, porque nada aqui está parado—o vento dánça, os oceanos respiram, as cidades vibram, e, sob nossos pés, um coração geológico pulsa.

Mas Não, Somos Terra

Chamamos de Terra. Porque é nisso que tocamos. É isso que sentimos. É disso que viemos.

E talvez esse nunca tenha sido um nome ruim.

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