A chegada da terceira temporada de Alice in Borderland trouxe de volta o clima de tensão que fez da série um sucesso mundial. Depois dos jogos brutais das duas primeiras partes, o público esperava respostas: o que realmente é a Borderland? Por que alguns personagens escolhem ficar e outros lutam tanto para sair? E, acima de tudo, qual é o papel do misterioso Coringa, carta que havia ficado em aberto no final anterior? É possível que nem toda dúvida sobre a terceira temporada de Alice in Borderland possa ser explicada; ainda assim, discutiremos possibilidades apoiadas no que a série mostra e no que a imprensa especializada esclareceu.

Baseada no mangá de Haro Aso, a adaptação da Netflix desta vez não segue um arco específico do original. Também não adapta literalmente o derivado Alice in Borderland: Retry. A temporada funciona como uma história inédita que dialoga com essas obras, aproveitando ideias, como a vida em comum de Arisu e Usagi, mas sem reproduzi-las passo a passo.

Ao longo dos novos episódios, a Netflix preserva os temas centrais do mangá, como a luta pela sobrevivência e a reflexão sobre escolhas. Ao mesmo tempo, adota liberdades criativas maiores do que nas temporadas anteriores. Isso torna a narrativa mais direta para o público.

O resultado é uma temporada que não apenas traz revelações sobre a natureza dos jogos, como também aprofunda os conflitos pessoais. A história convida a refletir sobre o valor da vida e o peso de cada decisão.

A mudança na dinâmica dos jogos

Um dos pontos mais marcantes desta temporada é a forma como os jogos acontecem. Enquanto nas primeiras vezes os jogadores podiam explorar uma Tóquio vazia e até se reorganizar entre uma partida e outra, agora eles são levados de desafio em desafio, sem pausa e sem escolha. Dessa maneira, não há tempo para reflexão nem espaço para estratégia fora da arena. Com isso, a narrativa ganha um tom muito mais opressor e reforça a ideia de aprisionamento: não há fuga, não há respiro, apenas a sequência inevitável de provações. Muitos fãs viram nisso uma tentativa de aproximação com o estilo de Round 6, mas, dentro da lógica de Alice in Borderland, a mudança também funciona para acentuar a claustrofobia psicológica dos personagens.

O tempo em Borderland e a experiência de quase morte

A temporada aprofunda a relação entre o mundo real e Borderland. Em vez de apenas remeter ao desastre anterior, os episódios introduzem a indução de uma experiência de quase morte para “acessar” esse entre-lugar. A série mostra o pesquisador Ryuji e o uso de um fármaco que interrompe o coração por um curto período, permitindo a entrada em Borderland. Dentro da narrativa, Ann menciona uma janela de cerca de dois minutos antes da morte biológica, o que ajuda a explicar como dias podem parecer se desenrolar “lá dentro” enquanto pouco tempo passa “aqui”. É nesse intervalo que os personagens enfrentam seus dilemas e buscam decisões que determinarão se voltarão ou não ao mundo real.

Essa mudança, porém, deixa a trama com um ar de conveniência. Antes, era natural que vários personagens estivessem em Borderland ao mesmo tempo, já que todos haviam sido atingidos pelo mesmo desastre. Na terceira temporada, a coincidência se repete de forma menos convincente, por meio de uma indução artificial, o que enfraquece a lógica e faz a situação parecer forçada. Um exemplo claro é a cena em que Arisu decide se deixar injetar por Ann: ela explica o procedimento, o telefone toca trazendo a notícia da parada cardíaca de Usagi e, de repente, tudo se alinha para que Arisu aceite a aplicação justamente naquele instante. A cena cria a urgência necessária para a narrativa, mas também reforça a sensação de coincidência arranjada.

Observação importante: a temporada deixa claro o mecanismo aplicado no caso de Arisu e Usagi (parada cardíaca induzida), mas não transforma isso numa regra universal para todos os personagens; nem todos os outros retornos não são plenamente explicados como os dos desses dois personagens.

Usagi e o retorno de velhas feridas

Quem acompanha a série sabe que Usagi já havia enfrentado o trauma da morte do pai em temporadas anteriores. Por um lado, para alguns espectadores, revisitar esse conflito pode soar como repetição. Nesse caso, a narrativa parece enfraquecer e não oferece um motivo convincente para justificar o retorno voluntário ao Borderland. Por outro lado, para outros, a reabertura dessa ferida não soa redundante. Pelo contrário, ela mostra que superar a dor não acontece em um único evento. Em vez disso, é um processo contínuo, marcado por recaídas e redescobertas.

O dilema da escolha voluntária

A terceira temporada coloca essa tensão em primeiro plano, mostrando Usagi dividida entre o desejo de viver e a tentação de desistir. Essa escolha narrativa se conecta a uma premissa maior: a de que, possivelmente, muitos aparecem nessa temporada chegaram ao Borderland por vontade própria. Essa ideia pode afastar parte do público que não enxerga na experiência dos personagens a mesma urgência de sobrevivência das temporadas anteriores, já que aqui eles parecem ter escolhido se expor ao risco. Ainda assim, no contraste entre Arisu e Usagi, permanece o tema central da temporada: encontrar um motivo genuíno para escolher a vida.

Banda e a escolha de permanecer

Entre os personagens mais comentados está Banda. Ao final da segunda temporada, ele escolhe permanecer em Borderland e, na nova etapa, passa a exercer influência no funcionamento dos jogos, simbolizando aqueles que abriram mão da vida real. Além de se tornar uma força antagonista que tenta manter o ciclo e explorar o retorno de personagens-chave. Sua presença é essencial para mostrar o contraste entre quem enxerga em Borderland uma oportunidade de poder e quem ainda busca o retorno. A partir dele, a série aprofunda a discussão sobre a tentação de permanecer em um mundo sem regras, mesmo que esse mundo seja mortal.

O Coringa e o livre-arbítrio

Nas temporadas anteriores, a carta do Coringa era apenas uma sombra. Agora, ela é explicada em cena. O Watchman (o vigia) revela que o Coringa não é um deus da Borderland, mas apenas uma carta. Ela está ligada ao tempo e ao espaço entre vida e morte. Mesmo assim, mantém seu papel simbólico: embaralhar destino e acaso, sem virar um vilão com forma humana.

Reflexões finais

No fim, a terceira temporada não se explica apenas pela lógica dos jogos. Ela trata de arrependimento, desejo de viver e responsabilidade da escolha. Ao combinar o material do mangá, ecos de Retry e criação original, a série fecha um ciclo emocional para Arisu e Usagi, sem invalidar o que veio antes e abrindo possibilidades de continuação ou expansão.

O epílogo de Alice in Borderland. O que virá em seguida?

Por fim, a temporada costura um epílogo que acena para vários caminhos possíveis. Os breves retornos de Kuina, Heiya, Aguni, Niragi e Chishiya soam como um presente aos fãs, um gesto de carinho que fecha ciclos sem mover a trama. Em paralelo, os tremores noticiados ampliam a escala do fenômeno e sugerem que a Borderland pode se manifestar além do Japão. A cena em Los Angeles, com a garçonete chamada Alice, acende duas linhas de conversa: a hipótese de expansão internacional e a dúvida sobre quem é essa personagem e como ela se conecta ao conceito de “Alice”. Enquanto isso, o Coringa permanece como símbolo do acaso e da escolha, não como figura concreta, o que deixa espaço para novas regras, novos jogos e novas combinações de personagens. No conjunto, o final prepara terreno para continuidade ou até um spin off, mantendo vivo o mistério entre vida e morte.

E para você, o que o Coringa realmente simboliza? Conte nos comentários o que achou dessa temporada.

Haverá quarta temporada de Alice In Borderland?

Quanto ao futuro, não há confirmação oficial de 4ª temporada, embora o final alimente especulações e o elenco manifeste interesse em seguir.

Alice in Borderland pode ser vista na Netflix

As três temporadas de Alice in Borderland podem ser assistidas na Netflix.

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